Muitas vezes você deve ter vivido situações com seu filho nas quais se perguntou se ele ouvia bem. Pode também ter ocorrido você desconfiar que ele sofresse do fenômeno da "audição seletiva", aquela que funciona bem quando falam algo que seja de seu interesse e que funciona muito mal quando solicitam algo que ele não deseja fazer.
Suas dúvidas a respeito da audição de seu filho devem, contudo, sempre ser verificadas. Uma criança que parece "aérea", não compreende, necessita que repitam várias vezes o que lhe é dito, ou não grava o que é falado, pode ter problemas de audição ou de percepção auditiva para os sons da fala.
Esses dados são importantes quando se compreende o papel da audição na aprendizagem do ser humano e o quanto a família, através de suas observações, pode minimizar possíveis danos.
Desde a mais tenra idade, o bebê mostra reações aos sons, tais como choro e movimentos corporais. A atenção a esses aspectos tem sido enfatizada, inclusive como forma de detecção precoce de alterações auditivas, em algumas maternidades, através de testagem auditiva específica, realizada com recém-nascidos (Triagem Auditiva Neonatal).
No ambiente doméstico também é importante observar as reações do bebê. Quando ouve bem, desde muito pequeno ele fica assustado, chora ou acorda com sons fortes e súbitos e costuma acalmar-se com vozes familiares, como a da mãe.
Na medida em que vai crescendo, o bebê começa a procurar, quer saber de onde vêm os barulhos que escuta. Por volta de seis meses de idade consegue localizar rapidamente de onde vêm os sons. É nessa idade que as crianças iniciam as brincadeiras com a própria voz e imitam os sons produzidos (fase do balbucio).
Cabe ressaltar que, nessa idade, a criança que não ouve bem pode manter-se silenciosa, já que não escuta a própria voz. A partir daí, todo o desenvolvimento da linguagem falada corre o risco de ser comprometido. Isso porque a fala ouvida funciona como referência de aprendizagem para a criança, desde bebê até idades mais avançadas. Através da escuta do padrão de fala do adulto são percebidas as diferenças na fala infantil, que serão adequadas até chegar ao padrão do idioma.
A Palavra do Especialista
Se houver qualquer dúvida a respeito do assunto, um profissional competente, da área de fonoaudiologia, deve ser consultado, para que se possa afirmar ou descartar problemas o mais precocemente possível. Esse cuidado permitirá, caso seja necessário, a atuação de um especialista ou o encaminhamento adequado, com o objetivo de minimizar danos ao desenvolvimento infantil.
Os efeitos dessas alterações podem estender-se à aprendizagem escolar, gerando, em algumas situações, problemas de aproveitamento, comportamento, atenção e concentração. Essas alterações influem também no contato interpessoal, já que, muitas vezes, a percepção incorreta de uma palavra pode alterar o entendimento do significado e o andamento do diálogo.
É ainda importante saber que, muitas vezes, alunos tidos como rebeldes ou distraídos, e que, inclusive, já tenham feito avaliação auditiva, apresentam dificuldades específicas de percepção da fala.
Esse tipo de alteração compromete a aprendizagem escolar, quanto a aspectos como leitura, escrita e apreensão dos conteúdos. Podem ainda surgir efeitos nas atitudes desses alunos frente à aprendizagem, como dispersão, irritabilidade e agitação, associadas à situação escolar.
Nesses casos, o diagnóstico é realizado através de testes específicos, feitos por fonoaudiólogos habilitados, a partir dos quais são feitas as intervenções necessárias para auxiliar a criança no processo de percepção dos sons da fala e para orientar a família sobre a questão.
Entendendo a Percepção da Fala
Para perceber a fala, é necessário ter atenção, reconhecer as frases, palavras e sons do idioma e conhecer seu significado. É preciso também comparar essas informações com os dados da memória. Isso ocorre no exato momento em que a mensagem é recebida. Não basta ouvir o som, é necessário todo um processo mental para que a fala seja entendida.
Vários fatores podem fazer com que esse entendimento não ocorra de forma adequada, entre eles alterações físicas (auditivas e neurológicas, por exemplo), alterações emocionais e ambientais.
Pediria agora a você que relembrasse o início de nossa "conversa" e gostaria de perguntar-lhe como , após essas informações, observa seu filho, aluno, amigo, sobrinho, enfim, as crianças com as quais convive e a forma como estão ouvindo e percebendo a fala. Será que você agora "ouve com outros ouvidos"?
Dra. Tânia Regina Bello
Oi. Voltei para pedir a vc que me siga em outro blog. Estarei postando nele agora: http://mariotticg.blogspot.com
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