segunda-feira, 3 de maio de 2010

OS DISTÚRBIOS DA LEITURA

Os distúrbios de aprendizagem na área da leitura e da escrita podem ser atribuídos às mais variáveis causas:



1. ORGÂNICAS – Cardiopatias, encefalopatias, deficiências sensoriais (visuais e auditivas), deficiências motoras (paralisia infantil, paralisia cerebral), deficiências intelectuais (retardamento mental ou diminuição intelectual), disfunção cerebral ou outras enfermidades.



2. PSICOLÓGICAS – Desajustes emocionais provocados pela dificuldade que a criança tem de aprender, o que gera ansiedade, insegurança e autoconceito negativo.



3. PEDAGÓGICAS – Métodos inadequados de ensino, falta de estimulação na pré-escola dos requisitos necessários à leitura e à escrita, falta de percepção por parte da escola do nível de maturidade da criança, iniciando uma alfabetização precoce, relacionamento deficiente professor-aluno, não domínio do conteúdo e do método por parte do professor, atendimento precário à criança pela superlotação da sala…



4. SÓCIO-CULTURAIS – Falta de estimulação da criança que não faz a pré-escola e também não é estimulada no lar, desnutrição, privação cultural do meio, marginalização das crianças com dificuldades de aprendizagem pelo sistema de ensino comum. Nesse item, destacam-se os estudos de Soares (2000), em seu livro –“Linguagem e Escola: Uma perspectiva social” – onde ela faz toda uma reflexão sobre a educação nas camadas populares do Brasil. Grande parte do conflito que se dá entre o progressivo acesso à escola e a sua incompetência em gerar um ensino de qualidade para as camadas populares deve-se a seu ver à ideologia que inspira as teorias e propostas pedagógicas. Evidenciam os conflitos entre a linguagem de uma escola a serviço das classes dominantes, cujos padrões linguísticos usa e quer ver usados, e a linguagem das camadas populares, que essa escola censura e estigmatiza (p.6).



5. DISLEXIA – De acordo com José & Coelho (2002), a dislexia, apesar de ser um tipo de distúrbio da leitura, termina por ser alocado como causa específica de diatúrbios na aprendizagem da identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência normal, integridade sensorial e receba estimulação e ensino adequados. Devido à falta de informações dos pais e dos professores do pré-escolar em identificar os sintomas da dislexia antes da entrada da criança na escola, ela termina por só ser identificada por volta da 1ª ou 2ª séries do fundamental, com os primeiros indícios surgindo na alfabetização. Por isso, a dificuldade na leitura significa, apenas, o resultado final de uma série de desorganizações que a criança já vinha apresentando no seu comportamento pré-verbal, não-verbal e em todas as funções básicas necessárias para o desenvolvimento da recepção, expressão e integração da função simbólica. A dislexia, segundo Myklebust (apud JOSÉ & COELHO, 2002,p. 84) “representando um déficit na capacidade de simbolozar, começa a se definir a partir da necessidade que tem a criança de lidar receptivamente ou expressivamente com a representação da realidade, ou antes, com a simbolização da realidade, ou poderíamos, também dizer, com a nomeação do mundo”. Nesse sentido, ela apresenta sérias dificuldades com a identificação dos símbolos gráficos (letras / números) no início de sua alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que dependam da leitura e da escrita. De acrdo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), as principais dificuldades do disléxico são: demora a aprender a falar, a fazer laço no sapato, a reconhecer horas, a pular corda, pegar e chutar bola; dificuldades em escrever números e letras corretamente, ordenar as letras do alfabeto, meses do ano, distinguir direita e esquerda; compreensão da leitura mais lenta, incomum dificuldade em decorar tabuada, Llentidão ao fazer as quatro operações, dificuldades em pronunciar palavras longas, planejar e redigir.



Em geral considerada relapsa, desatenta, preguiçosa, sem vontade de aprender, o disléxico demonstra insegurança e baixa apreciação de si mesmo, sendo comum o abandono da escola, as reações rebeldes ou de natureza depressiva, havendo necessidade de tratamento especializado.



Entre os fatores a serem considerados no processo de aprendizagem da leitura e da escrita estão, em linhas gerais, os que se seguem: a prontidão para aprender; a percepção; o esquema corporal; a lateralidade; a orientação espacial e temporal; a coordenaçao visomotora; o ritmo; a capacidade de análise e síntese visual e auditiva; habilidades visuais e auditivas; memória cinestésica;linguagem oral. Entre os distúrbios apresentados no campo da LEITURA podemos destacar os que se expressam nas seguintes áreas:



6. MEMÓRIA – A criança, quando apresenta dificuldade auditiva e visual de reter informações, pode ser incapaz de recordas os sons das letras, de juntar sons para formar palavras ou, ainda, memorizar seqüências , não conseguindo lembrar a ordem das letras ou sons dentro das palavras. Esse distúrbio de memória resulta de disfunções do sistema nervoso central, e freqüentemente se manifesta só no aspecto visual ou só no aspecto auditivo.



7. ORIENTAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL – A criança não é capaz de reconhecer direita e esquerda, não compreende ordens que envolvem o uso dessas palavras e fica confusa nas aulas de Educação Física, por não entender as regras dos jogos. Quanto ao tempo, mostra-se incapaz de conhecer horas, dias da semana, etc.



8. ESQUEMA CORPORAL – Geralmente as crianças com distúrbios de leitura têm um conhecimento deficiente do seu esquema corporal. Apresentam dificuldade para identificar as partes do corpo e não revelam boa organização da postura corporal no espaço em que vivem.



9. MOTRICIDADE – Algumas crianças têm distúrbios secundários de coordenação motora ampla e fina, o que atrapalha seu equilíbrio e sua destreza manual. Caem com facilidade, são desajeitadas, não conseguem andar de bicicleta ou mesmo manipular peças pequenas de material pedagógico.



10. DISTÚRBIOS TOPOGRÁFICOS – É a incapacidade que algumas crianças têm de compreender legendas de mapas, gráficos, globos, maquetes. Não conseguem entender a escala simbólica que está sendo usada para definir o espaço real.



11. SOLETRAÇÃO – Existem crianças que têm profunda dificuldade de revisualizar e reorganizar auditivamente as letras - ou seja, soletrar. A limitação na escrita será resultado da limitação na leitura.



Por outro lado, em se tratando de dificuldades de leitura oral, podemos destacar as que se ligam à percepção visual e auditiva – dificuldade de discriminação visual e auditiva – bem como as que se referem à leitural silenciosa – lentidão no ler, acompanhada de dispersão; leitura subvocal (cochichada); necessidade de apontar as palavras com lápis, régua ou dedo; perda da linha durante a leitura; repetição da mesma frase ou palavra várias vezes.Todo esse conjunto de sintomas vai se refletir, diretamente, nas dificuldades de compreensão da leitura e pode ocorrer em três níveis: literal (engloba a compreensão das idéias contidas no texto); inferencial (dificuldade de perceber as idéias que não estão contidas no texto e dependem da experiência do leitor); crítico (estabelecimento de comparações e julgamentos entre o dito pelo autor e o pensado pelo leitor).

Um comentário:

  1. Realmente.
    Sou psicopedagoga clínica e diversas crianças estão com essas dificuldades.

    Para melhor avaliação, peço aos pais que levem seus filhos ao: NEUROLOGISTA, ENDOCRINOLOGISTA, REUMATOLOGISTA, etc. para que essas equipe multidisciplinar possa me orientar na melhor avaliação e planejar um trabalho orientado a cada pessoa que se apresente ao meu consultorio.

    A partir desse conhecimento, desenvolvo meu trabalho. Inclusive vou com os pais aos devidos médicos.
    Ouvindo esses profissionais e conversando vamos chegando ao senso comum.

    Abraços

    katiarumbelsperger@ig.com.br

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